sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os nossos certos

Aos meus oito ou nove anos, - no auge do meu pensamento crítico e inteligente - conversando com a minha mãe sobre "certos" e "errados", eu indaguei:

- Mas como que 'tu pode' ter certeza de que o teu certo é o certo de verdade?

Creio que na época, peguei ela desprovida de respostas para a minha pergunta. Eu mesma hoje, não saberia responder com precisão o questionamento da Marília de anos atrás. A minha mãe até deu uma resposta para o que perguntei. E creio que foi a melhor que ela poderia ter dado, pois se na época ela demonstrasse dúvidas sobre os valores que estava me passando, eu provavelmente cresceria desconfiando dos meus "certos". Portanto, ela disse com toda a certeza do mundo:

- É o certo filha.

Eu demorei a entender como ela poderia ter tanta certeza. Os certos que falávamos eram os certos de ser ético, ser educado, de não roubar, matar e etc. Eu compreendo agora de que esses são os certos que a sociedade diz serem certos, porém que não age como se fossem. Era complicado de entender. Meus pais diziam que eram os certos, no entanto, boa parte da sociedade agia de forma contrária, mesmo concordando com os meus pais na fala.

Hoje relembrei à minha mãe esse episódio que acontecera quando eu era pequena. E ela me disse:

- É o certo pra mim, filha.

Não, mãe. É o certo pra nós.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nós, seres humanos, constantemente reclamamos do quanto as pessoas nos decepcionam. Do quanto elas são insensíveis, ingratas e fazem coisas que nós nunca imaginamos que elas poderiam fazer. Porém nós nunca pensamos que nós é que podemos estar errados, somos ‘perfeitos’ demais para errarmos, não é mesmo? Aí já está um erro. Não somos, nem chegamos perto de sermos perfeitos. E nunca chegaremos. Nunca.

A verdade é que na maioria das vezes, quando alguém nos decepciona, o problema não é a pessoa. E sim nós. Nós que esperamos demais dos outros. Criamos expectativas e ilusões das pessoas, porque queremos acreditar que essas pessoas são incríveis. Sempre queremos acreditar nos outros. Não que isso seja ruim. Ser uma pessoa completamente desconfiada também não é bom. No entanto, talvez devêssemos esperar menos dos outros, e quando eles errarem, apenas aceitaremos que eles não são perfeitos, assim como nós também não somos.

Depois de tantas decepções sofridas, você passa a se dar conta de as pessoas que você mais ama, provavelmente serão as que mais te decepcionarão. Não intencionalmente, mas sim porque você as ama tanto que demora a se dar conta dos defeitos que essas pessoas têm. E quando eles aparecem de uma forma brusca, é um choque tão grande que culpamos a pessoa de ter mudado. E não nós mesmos de termos inventado um ser irreal.

Há situações em que a pessoa que nos decepciona é realmente uma #$%#@#@#! Neste caso, serve o mesmo conselho: espere menos das pessoas (sem desconfiar de tudo), os choques serão menores e as coisas boas serão bem melhores.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Infantilidade

Se tu disseres que gosta de Justin Bieber, Restart ou de alguma estrela da Disney, as pessoas vão cair em cima de ti, te julgando como se te conhecessem e logo te desprezando. Elas vão criar conceitos sobre a tua mentalidade e teu caráter. E tu provavelmente vais responder com xingamentos e birra no Twitter.

Felipe Neto disse em alguns de seus vídeos que há uma “idade limite” para gostar e ser fanático por um desses êxitos atuais. Não concordo. Creio que todas as pessoas – não importando a idade – têm o direito de gostar do que quiserem. E não necessariamente têm “probleminhas” por isso. Pode até ser infantil ou estranho, uma guria com seus vinte anos gritar loucamente e espernear por um guri famoso de dezesseis, entretanto acho que não se pode fazer um julgamento prévio sobre ela. E sobre nenhuma outra pessoa que faça o mesmo.

Eu posso não ouvir as músicas dessas bandas, porém gosto de seguir algo que se chama “respeito”. É terrível uma menininha de 12 anos ter vergonha de dizer que ama os Jonas Brothers porque um grupo de marmanjos de 25 anos vai dizer que ela é uma idiota. Peraí! Quem que está sendo o idiota aqui? A guria que gosta de uma banda que faz bem pra ela e a deixa feliz ou uns caras que deveriam estar fazendo algo produtivo ao invés de ficarem o dia inteiro no computador procurando alguém pra incomodar?

É óbvio que os fãs não deveriam ficar ameaçando os outros de morte e coisa parecida, mas isso deve ser controlado pelos pais deles. E se os deixassem em paz, eu tenho certeza absoluta de que isso não aconteceria. Mas esses “adultescentes” – que na maioria das vezes são mil vezes piores do que os adolescentes – têm um prazer enorme em ver as crianças esperneando. Contudo, são eles mesmos que fazem o papel de bobos brigando dessa forma. É deles que eu rio.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"O Cravo brigou com a Rosa debaixo de uma sacada. O Cravo saiu ferido e a Rosa, despedaçada..."

Lembro-me bem do dia em que encenei essa música, aos quatro anos de idade, vestida de Rosa, em uma apresentação da escola. Eu estava terrivelmente envergonhada, mas juntei minhas forças e fui lá me apresentar. Estava tudo correndo bem, até a parte final, quando eu deveria chorar porque o Cravo morre. No entanto, na minha cabeça, aquilo era ridiculamente engraçado. A forma como o menino morreu foi tão sem noção que eu, ingenuamente, não consegui segurar as risadas. E comecei a rir, rir sem parar. O garoto abriu um dos olhos confuso. No entanto, logo levantou-se para começar a rir comigo. Quando eu percebi, estavam todos os presentes rindo. Porém, ao invés de me sentir envergonhada, como eu provavelmente me sentiria hoje, apenas me juntei ao garoto, e fiz uma reverência de agradecimento. Todos aplaudiram. E a pequena garota, acabava de transformar uma apresentação simples, bonitinha e monótona em comédia. Foi nesse dia que eu descobri que queria ser atriz...

Depois eu cresci, e descobri que além de não ter talento algum para atuar, eu sou um tanto quanto mentirosa também.