terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Acordei um tanto quanto atrasada para a escola. Levantei-me sonolenta e assim caminhei até o banheiro. Livrei-me das necessidades fisiológicas, lavei o rosto e as mãos. Os passos até a cozinha pareciam bem longos. Peguei um copo de vidro e o enchi de leite. Com uma colher de sobremesa coloquei muito Toddy, muito Toddy mesmo! Misturei. ARGH! Doce demais! Exatamente como eu gosto. Coloquei o copo sobre a pia.

Fui até meu quarto, agora em passos mais rápidos. Vesti a calça jeans e a camiseta do colégio. Coloquei meu All Star xadrez. No banheiro novamente, escovei os dentes e penteei o cabelo. Espremi aquela espinha no queixo. Desgraçada!

Pousei a bolsa sobre o ombro direito e segurei os cadernos na mão esquerda. Celular na mão ligado para servir de lanterna caso a luz da escada apague de repente. Antes de sair, o estresse. Eu e meu pai brigamos por algum motivo que não lembro. É, não parecia um ótimo dia. Desci os dez lances de escada correndo. No quinto andar meus materiais voaram e me vi com o traseiro colado no chão gelado. Escorreguei. Levantei-me num pulo e juntei tudo.

Agora eu corria mais ainda, cuidando, entretanto, para não escorregar novamente. Saí pela porta de vidro do edifício. Caminhei em passos largos e rápidos pela minha rua. Distante, pude ver a menininha: pequena, mulata, em torno dos seis anos. Ela sorria envergonhada.

Eu passava todos os dias por ela de carro e enquanto o sinal não abria na esquina, fazia caretas para ela rir. Desta vez foi pessoalmente. De longe ela já havia me notado e se escondeu; um pouco por vergonha, mas queria que eu a visse. Passei e lhe dei um “oi”. A menina abriu um sorriso “de testa a testa”. Pronto: ganhei meu dia!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Carros para meninas, bonecas para meninos

O tédio - consequência das férias - tem feito com que eu volte a visitar sites de jogos online, como eu fazia quando criança. Sim, tenho passado meus dias de férias jogando jogos nada educativos, porém, viciantes. Entrei em mais de dez sites diferentes e todos - sem exceção - têm uma categoria chamada de “Jogos para garotas”, onde se encontram jogos de maquiar a boneca, cuidar do bebê e vestir a menininha.

Agora eu me pergunto: como uma guria no alto dos seus oito anos de idade vai se sentir quando quiser jogar os jogos de corrida ou de luta que estão em outras categorias? E pior ainda, como um guri vai se sentir quando quiser cuidar do bebê e ali está escrito “Jogos para garotas”?

Sei o quanto inútil as pessoas podem achar o motivo desse texto, mas eu não me importo. Porque de fato, isto é algo que me revolta muito. Quero dizer, poxa, eu sempre ADOREI corridas e quando criança, eu me achava superestranha ao ver que esses jogos não estavam na minha categoria. E mais estranha ainda, quando ouvia as minhas amiguinhas falarem que era jogo de menino, mas eu tenho certeza de que elas jogavam e só não falavam porque tinham vergonha.

Eu achava minhas coleguinhas de escola um saco, queria é fazer amizade com os meninos. Mas eles me achavam uma chata, afinal, eu era bem parecida com minhas colegas. Com a única diferença de não encher minha cara de maquiagem, parecendo uma palhaça e não fofocar sobre as pessoas.

Eu gostaria de saber onde que está estipulado quais são os jogos de garotas e quais são os jogos de garotos. Eu não entendo: por que não podem deixar os jogos todos juntos? E por que os jogos de garotas sempre são cor-de-rosa? Ou então, por que sempre são homens que dirigem os carros? Eu adoraria pintar o cabelo de uma menina na cor azul e depois fazê-la pilotar o carro de corrida. Isso não seria fantástico?

Seria, e tenho certeza que a maioria das crianças adoraria. Mas parece que há um interesse muito grande por parte da sociedade em dividir os dois grupos desde a infância e fazer com que garotas sejam sempre rosas e meninos sempre azuis, cada um na sua função limitada.