sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os nossos certos

Aos meus oito ou nove anos, - no auge do meu pensamento crítico e inteligente - conversando com a minha mãe sobre "certos" e "errados", eu indaguei:

- Mas como que 'tu pode' ter certeza de que o teu certo é o certo de verdade?

Creio que na época, peguei ela desprovida de respostas para a minha pergunta. Eu mesma hoje, não saberia responder com precisão o questionamento da Marília de anos atrás. A minha mãe até deu uma resposta para o que perguntei. E creio que foi a melhor que ela poderia ter dado, pois se na época ela demonstrasse dúvidas sobre os valores que estava me passando, eu provavelmente cresceria desconfiando dos meus "certos". Portanto, ela disse com toda a certeza do mundo:

- É o certo filha.

Eu demorei a entender como ela poderia ter tanta certeza. Os certos que falávamos eram os certos de ser ético, ser educado, de não roubar, matar e etc. Eu compreendo agora de que esses são os certos que a sociedade diz serem certos, porém que não age como se fossem. Era complicado de entender. Meus pais diziam que eram os certos, no entanto, boa parte da sociedade agia de forma contrária, mesmo concordando com os meus pais na fala.

Hoje relembrei à minha mãe esse episódio que acontecera quando eu era pequena. E ela me disse:

- É o certo pra mim, filha.

Não, mãe. É o certo pra nós.