Acordei um tanto quanto atrasada para a escola. Levantei-me sonolenta e assim caminhei até o banheiro. Livrei-me das necessidades fisiológicas, lavei o rosto e as mãos. Os passos até a cozinha pareciam bem longos. Peguei um copo de vidro e o enchi de leite. Com uma colher de sobremesa coloquei muito Toddy, muito Toddy mesmo! Misturei. ARGH! Doce demais! Exatamente como eu gosto. Coloquei o copo sobre a pia.
Fui até meu quarto, agora em passos mais rápidos. Vesti a calça jeans e a camiseta do colégio. Coloquei meu All Star xadrez. No banheiro novamente, escovei os dentes e penteei o cabelo. Espremi aquela espinha no queixo. Desgraçada!
Pousei a bolsa sobre o ombro direito e segurei os cadernos na mão esquerda. Celular na mão ligado para servir de lanterna caso a luz da escada apague de repente. Antes de sair, o estresse. Eu e meu pai brigamos por algum motivo que não lembro. É, não parecia um ótimo dia. Desci os dez lances de escada correndo. No quinto andar meus materiais voaram e me vi com o traseiro colado no chão gelado. Escorreguei. Levantei-me num pulo e juntei tudo.
Agora eu corria mais ainda, cuidando, entretanto, para não escorregar novamente. Saí pela porta de vidro do edifício. Caminhei em passos largos e rápidos pela minha rua. Distante, pude ver a menininha: pequena, mulata, em torno dos seis anos. Ela sorria envergonhada.
Eu passava todos os dias por ela de carro e enquanto o sinal não abria na esquina, fazia caretas para ela rir. Desta vez foi pessoalmente. De longe ela já havia me notado e se escondeu; um pouco por vergonha, mas queria que eu a visse. Passei e lhe dei um “oi”. A menina abriu um sorriso “de testa a testa”. Pronto: ganhei meu dia!