domingo, 19 de setembro de 2010

Things change, my dear

De um ano para o outro as suas ideologias se transformam em apenas bobagens que você, por ser “muito criança”, achou que revolucionariam o mundo.

De um semestre para o outro, aquele ano que parecia que ia ser maravilhoso, torna-se um inferno, cuja saída está longe demais para se alcançar, e aquele ano que parecia que ia ser insuportável, torna-se o mais inesquecível e incomparável de todos.

De um mês para o outro, uma pessoa totalmente desconhecida passa a ser uma das mais importantes da sua vida, e novamente de um mês pro outro, passa a ser apenas uma colega, uma pessoa com a qual você dividiu algum tipo de amizade, alguns tipos de segredos.

De um dia para o outro, aquela pessoa razoavelmente bonita que você via no espelho se torna a mais horrorosa que você já viu, de forma que mal consegue olhar para ela.

De uma hora para a outra, você se dá conta que por mais horrível que alguma situação tenha sido, depois dela “do chão você não passou” e que ele ainda está bem firme para que você consiga seguir por ele.

De um minuto para o outro, aquela gargalhada vira pranto e aquele pranto vira gargalhada.

E de um segundo para o outro, tudo aquilo que você levou anos construindo, pode ser destruído como se não significasse nada.


"Well life has a funny way of sneaking up on you

When you think everything's okay and everything's going right
And life has a funny way of helping you out when
You think everything's gone wrong and everything blows up in your face."

Igualmente desiguais

Certos gostos, talentos e manias parecem mesmo estar no sangue e não apenas na convivência. Mal conheci meu avô, mas irrevogavelmente, tem algo dele em mim. E não é apenas o DNA. Algo mais complexo, mais psicológico, eu acho. Talvez o mais bizarro de tudo que temos em comum, seja a minha escolha de profissão. Escolhi Cinema há pouco mais de um ano e apenas há alguns meses descobri que ele teve um estúdio de cinema. É estranho. Ninguém na minha família jamais demonstrou tanto interesse em trabalhar nisso, portanto não poderia ser uma influência, muito menos uma coincidência. Ele era jornalista, eu amo escrever. Ele tinha manias quase neuróticas e eu, de uma forma mais retardada, também tenho.

Há uma conexão, só pode haver. Desde pequena sempre tive uma vontade absurda de realmente tê-lo conhecido. Eu nunca soube exatamente o porquê, eu apenas queria muito. Ainda quero. Impossível, mas não há como tirar essa vontade de mim.

O mais esquisito é que ouvindo histórias sobre ele, percebo que pensamos completamente diferente. Nossas ideologias bateriam de frente. E justamente para mim que vieram parar esses gostos. Engraçado. Não que ele não fosse gostar disso, não acho que brigaríamos um com o outro, mas é apenas irônico.

Quando penso no meu futuro, sempre o quero lá. Sempre sonho que ele poderia me ver fazendo filmes e orgulhosamente diria que sou neta dele, que esse “talento” fora ele quem me passara.

É um sentimento ruim esse. Saber que algo que você supostamente sabe fazer bem, veio de uma pessoa que faleceu antes que você soubesse o que ela significava pra você e que você nunca poderia dizer “obrigada” por ela passar esses genes.

Parece que a
Fofoca é uma pretensiosa cópia sua, Vô.

“Isn't it ironic? Don't you think?"