domingo, 19 de agosto de 2012

És tu Brasil, ó pátria (des)amalda...

Ser atleta no Brasil é difícil. E não só pela falta de patrocínio, de oportunidade, de apoio e etc. Mas também pelo que eu considero como o mais doloroso obstáculo: o povo. Não sou atleta, porém posso imaginar o quão maravilhoso deve ser quando depois de ter que ultrapassar as três barreiras que citei e outras mais, poder ler e ouvir mensagens positivas da torcida brasileira. MESMO quando se perde. Definitivamente o ânimo para a próxima batalha é outro.

Sinto muito, no entanto devo informar que há um erro no quadro de medalhas dessas Olimpíadas. Foi a Fabí, Sheilla, Fabiana, Fê Garay, Paula, Fernandinha, Adenízia, Tandara, Natália, Jaqueline, Dani Lins, Thaísa, Zé Roberto e a Comissão Técnica do vôlei que ganharam aquela muito bem comemorada medalha de ouro. Não foi o Brasil. Porque o Brasil já vinha desacreditado desde o início dos jogos. E desistiu, de uma forma extremamente grosseira - com direito a xingamentos no Twitter - logo após o jogo contra a Coréia. E voltaram a acreditar milagrosamente quando o hino brasileiro soou alto no ginásio em Londres. "Ahhh, as NOSSAS meninas são ouro!!!!" Nossas? Onde estava esse amor à pátria quando elas saíram desoladas porque haviam perdido duas partidas seguidas?

O único esporte que tinha a OBRIGAÇÃO de ganhar medalha de ouro era o futebol masculino, cujos jogadores rasgam dinheiro para chutar uma bola, fingir faltas e fazer competição de quem tem o cabelo mais 'cool'. Um país onde um moleque de 20 anos ganha milhões para desfilar parecendo uma calopsita, cair a cada dez minutos e voltar para casa com uma prata, não pode ser considerado "O país do futebol".

Infelizmente, brasileiro só é patriota quando a medalha já está lá, pendurada no peito reluzindo exclusivamente a cor dourada - porque afinal ser segundo, terceiro ou até mesmo oitavo melhor do mundo é fruto de atleta que não treinou direito. Ah, Brasil! Cielo, Maurren, Fabiana Murer e o Vôlei Masculino decepcionaram? Não, nós é que os decepcionamos como país.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os nossos certos

Aos meus oito ou nove anos, - no auge do meu pensamento crítico e inteligente - conversando com a minha mãe sobre "certos" e "errados", eu indaguei:

- Mas como que 'tu pode' ter certeza de que o teu certo é o certo de verdade?

Creio que na época, peguei ela desprovida de respostas para a minha pergunta. Eu mesma hoje, não saberia responder com precisão o questionamento da Marília de anos atrás. A minha mãe até deu uma resposta para o que perguntei. E creio que foi a melhor que ela poderia ter dado, pois se na época ela demonstrasse dúvidas sobre os valores que estava me passando, eu provavelmente cresceria desconfiando dos meus "certos". Portanto, ela disse com toda a certeza do mundo:

- É o certo filha.

Eu demorei a entender como ela poderia ter tanta certeza. Os certos que falávamos eram os certos de ser ético, ser educado, de não roubar, matar e etc. Eu compreendo agora de que esses são os certos que a sociedade diz serem certos, porém que não age como se fossem. Era complicado de entender. Meus pais diziam que eram os certos, no entanto, boa parte da sociedade agia de forma contrária, mesmo concordando com os meus pais na fala.

Hoje relembrei à minha mãe esse episódio que acontecera quando eu era pequena. E ela me disse:

- É o certo pra mim, filha.

Não, mãe. É o certo pra nós.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nós, seres humanos, constantemente reclamamos do quanto as pessoas nos decepcionam. Do quanto elas são insensíveis, ingratas e fazem coisas que nós nunca imaginamos que elas poderiam fazer. Porém nós nunca pensamos que nós é que podemos estar errados, somos ‘perfeitos’ demais para errarmos, não é mesmo? Aí já está um erro. Não somos, nem chegamos perto de sermos perfeitos. E nunca chegaremos. Nunca.

A verdade é que na maioria das vezes, quando alguém nos decepciona, o problema não é a pessoa. E sim nós. Nós que esperamos demais dos outros. Criamos expectativas e ilusões das pessoas, porque queremos acreditar que essas pessoas são incríveis. Sempre queremos acreditar nos outros. Não que isso seja ruim. Ser uma pessoa completamente desconfiada também não é bom. No entanto, talvez devêssemos esperar menos dos outros, e quando eles errarem, apenas aceitaremos que eles não são perfeitos, assim como nós também não somos.

Depois de tantas decepções sofridas, você passa a se dar conta de as pessoas que você mais ama, provavelmente serão as que mais te decepcionarão. Não intencionalmente, mas sim porque você as ama tanto que demora a se dar conta dos defeitos que essas pessoas têm. E quando eles aparecem de uma forma brusca, é um choque tão grande que culpamos a pessoa de ter mudado. E não nós mesmos de termos inventado um ser irreal.

Há situações em que a pessoa que nos decepciona é realmente uma #$%#@#@#! Neste caso, serve o mesmo conselho: espere menos das pessoas (sem desconfiar de tudo), os choques serão menores e as coisas boas serão bem melhores.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Infantilidade

Se tu disseres que gosta de Justin Bieber, Restart ou de alguma estrela da Disney, as pessoas vão cair em cima de ti, te julgando como se te conhecessem e logo te desprezando. Elas vão criar conceitos sobre a tua mentalidade e teu caráter. E tu provavelmente vais responder com xingamentos e birra no Twitter.

Felipe Neto disse em alguns de seus vídeos que há uma “idade limite” para gostar e ser fanático por um desses êxitos atuais. Não concordo. Creio que todas as pessoas – não importando a idade – têm o direito de gostar do que quiserem. E não necessariamente têm “probleminhas” por isso. Pode até ser infantil ou estranho, uma guria com seus vinte anos gritar loucamente e espernear por um guri famoso de dezesseis, entretanto acho que não se pode fazer um julgamento prévio sobre ela. E sobre nenhuma outra pessoa que faça o mesmo.

Eu posso não ouvir as músicas dessas bandas, porém gosto de seguir algo que se chama “respeito”. É terrível uma menininha de 12 anos ter vergonha de dizer que ama os Jonas Brothers porque um grupo de marmanjos de 25 anos vai dizer que ela é uma idiota. Peraí! Quem que está sendo o idiota aqui? A guria que gosta de uma banda que faz bem pra ela e a deixa feliz ou uns caras que deveriam estar fazendo algo produtivo ao invés de ficarem o dia inteiro no computador procurando alguém pra incomodar?

É óbvio que os fãs não deveriam ficar ameaçando os outros de morte e coisa parecida, mas isso deve ser controlado pelos pais deles. E se os deixassem em paz, eu tenho certeza absoluta de que isso não aconteceria. Mas esses “adultescentes” – que na maioria das vezes são mil vezes piores do que os adolescentes – têm um prazer enorme em ver as crianças esperneando. Contudo, são eles mesmos que fazem o papel de bobos brigando dessa forma. É deles que eu rio.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"O Cravo brigou com a Rosa debaixo de uma sacada. O Cravo saiu ferido e a Rosa, despedaçada..."

Lembro-me bem do dia em que encenei essa música, aos quatro anos de idade, vestida de Rosa, em uma apresentação da escola. Eu estava terrivelmente envergonhada, mas juntei minhas forças e fui lá me apresentar. Estava tudo correndo bem, até a parte final, quando eu deveria chorar porque o Cravo morre. No entanto, na minha cabeça, aquilo era ridiculamente engraçado. A forma como o menino morreu foi tão sem noção que eu, ingenuamente, não consegui segurar as risadas. E comecei a rir, rir sem parar. O garoto abriu um dos olhos confuso. No entanto, logo levantou-se para começar a rir comigo. Quando eu percebi, estavam todos os presentes rindo. Porém, ao invés de me sentir envergonhada, como eu provavelmente me sentiria hoje, apenas me juntei ao garoto, e fiz uma reverência de agradecimento. Todos aplaudiram. E a pequena garota, acabava de transformar uma apresentação simples, bonitinha e monótona em comédia. Foi nesse dia que eu descobri que queria ser atriz...

Depois eu cresci, e descobri que além de não ter talento algum para atuar, eu sou um tanto quanto mentirosa também.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Se alguém me perguntar do que eu mais sinto falta lá do Rio Grande do Sul, irá se surpreender com a minha resposta. Porque provavelmente ninguém sente falta de algo tão peculiar como eu sinto.

Não me entendam mal meus amigos gaúchos. Eu sinto falta de vocês, sinto falta do colégio, dos professores, de Porto Alegre, da Redenção, do Bonfim, do sotaque carregado e cheio de “Tus” combinados com verbos mal conjugados... No entanto, nada me faz mais falta do que os comerciais.

Eu não sei se é esse sentimento bairrista que nos faz querer produzir as melhores e mais tocantes propagandas veiculadas na televisão. Ou se é simplesmente o fato de termos boas agências de publicidade. Ou ambas as possibilidades combinadas.

O fato é que as mensagens de final de ano da RBS e os comerciais de datas festivas do Zaffari Bourbon marcaram toda minha infância e parte da minha adolescência de forma irreversível. Impossível escutar aquela música “Vida” – tema da RBS – sem ter vontade de estar em uma daquelas terríveis praias do RS junto com a família e reclamando porque queria estar em casa no computador. Assim como já se tornou impossível escutar a breguíssima música do Claudinho e Buchecha “Fico Assim Sem Você” que no comercial de Dia das Mães/Natal do Zaffari Bourbon tornou-se uma das músicas mais lindas que eu já escutei.

Ver esses comerciais pelo youtube não só me faz sentir falta do Rio Grande do Sul, mas também me emocionam de forma que nada mais consegue. Portanto, agora que está chegando o final do ano, eu nada mais tenho a dizer senão um obrigada a essas empresas que fazem tão bem sua jogada de marketing e conseguem nos tocar tão profundamente.

Parabéns, vocês conseguiram vender seu produto!


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

“Na minha época os adolescentes não eram assim”.

Aham Claúdia, senta lá.

Assim como? Estúpidos? Coloridos? Viciados em Internet? Abertos? Drogados? Bêbados?

Bom, se a opção é Estúpidos e/ou Drogados e/ou Bêbados, eu lhe pergunto: em que mundo você vivia? Os adolescentes não estão ficando mais burros por culpa da televisão ou da internet, sempre houve os babacas. Aqueles bestinhas sem nada na cabeça. Sempre! Talvez o que haja agora seja um interesse menor pelo estudo, por ter uma opção maior de lazer. Porém os adolescentes são – de uma forma geral, no entanto não todos – um tanto quanto estúpidos. É da própria fase. Queremos testar limites e fazemos besteiras. Portanto se você acha que não viu adolescentes estúpidos na sua adolescência: 1) Você é um alien . 2) Você era dos mais babacas e ainda não sacou isso. Drogados e Bêbados: sem comentários.

Agora, se a opção é Viciados em Internet e/ou Abertos, concordo com você. Não havia Internet na sua época, provavelmente. Consequência disso é que vocês tinham menos acesso a certas informações que nós temos, portanto eram mais conservadores.

Por último, se a opção é Coloridos, meu bem, você não viveu ainda então. Os Hippies, os anos 80... mais coloridos impossível! Além disso, se você era um Hippie, se você gostava de Beatles na sua época inicial, de Madonna, entre outros... Você não pode dizer “Na minha época não era assim”. Porque era. Dos primeiros hits dos Beatles, diga-me um que fale algo interessante... Não tem. O que aconteceu foi que eles cresceram e amadureceram. E aí sim viraram o que eles representam hoje. Os Hippies, olhando hoje, podiam ser algo bonitinho com todas aquelas roupas fofas e aquela ideia de mudar tudo. E se não fossem eles, talvez nós ainda vivêssemos em uma sociedade extremamente conservadora. Mas eu duvido que todos eles tivessem muitas coisas na cabeça além de drogas e utopias.

Nenhum de nós pode dizer que os Coloridos não são nada. Eles lançaram uma nova moda. Eles podem crescer e lançarem músicas que passem alguma mensagem. Ou não. A Madonna continua fazendo músicas que só passam a mensagem de “Vamos dançar, uhul!”. Mas ninguém fala mal dela, não é mesmo?