quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Você não é diferente. Você é igual.

Você nunca será o único a ser de algum jeito. Sempre terá alguém a se parecer com você. Convença-se disso e não diga que é diferente de todos. Pode ser diferente se comparado a mim. Mas terá alguém para ser comparado e dizer que é igual, ou pelo menos muito parecido.

Não coloque seus cabelos para cima porque quer se distinguir. Não combine roupas de uma forma específica porque será um ponto destacado no meio da multidão. Não se encha de piercings e/ou tatuagens porque ao olharem você na rua, as pessoas irão comentar muito. Siga o seu estilo porque você gosta, porque é o seu estilo. Não para ser diferente. Essa ideia é idiota. Idiota pelo simples fato de que não existe. Você nunca será diferente.

Tomar atitudes para ser diferente não lhe dará personalidade, ou melhor, não fará as pessoas pensarem que tem. Tome as atitudes por gostar delas e não faça questão de mostrá-las aos outros. Isso é personalidade.

Você não é diferente. Você é igual.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A (ex)capital do calçado

O teu aspecto sujo e feio. As tuas ruas fedentinas por culpa do esgoto. Os teus habitantes mal-humorados e esnobes. As tuas árvores, que não são muitas, mas são suficientes. O teu (único) shopping pequeno e apinhado de pessoas que querem aproveitar o ar-condicionado. As tuas escolas particulares na “Guerra Fria”. As tuas escolas públicas na guerra bem declarada entre os alunos. É, quem diria? Eu sinto saudades, nostalgia; eu tenho boas lembranças. Quem diria, Novo Hamburgo, que um dia, eu faria um texto só para falar de ti? Justamente, eu.

Nossa relação de amor e ódio, começou, acho que desde que eu tive o prazer de nascer em Porto Alegre e não aí, e portanto poder bater no peito e dizer “Sou de Pooorto”. E se acentuou quando tua escola, Pio XII, comportou alunos que gostavam de me incomodar. Ficou forte também, quando me dei conta da falta de lugares para lazer aí. Depois disso o sentimento só foi se alastrando. Talvez a culpa nem fosse tua. Mas eu a jogava em ti.

Porém, agora, longe, sinto falta de ti. Não exatamente de ti, mas do que tu guardas contigo, das lembranças minhas que tu roubaste. Ah, como faz falta acordar às 6:30 da madrugada em pleno mês de junho, sonolenta, e lutar contra o vento frio e cortante para chegar até a escola, envolta por mil blusões e agasalhos. Faz falta os dias que, no início da noite, eu voltava das aulas de basquete e aproveitava para comprar uns cachorros-quentes da Lulu (o melhor!). Sinto saudades dos domingos deprimentes, nos quais ninguém saía para as tuas ruas, e quem se aventurasse nesse programa de índio, com certeza ficava mais deprimido do que em casa. Faz falta os dias na Ginástica, pedalando a bicicleta de rodinhas rosa, brincando no parquinho, temendo a casa “assombrada” que na verdade era só a sede dos escoteiros e aproveitando os aniversários. Saudades até de não ver absolutamente nenhuma alma viva andando por ti, quando mal batiam 19:00 horas.

Saudades de uma cidade previsível e monótona, para qual não me inspira voltar, mas que me acolheu por catorze anos, mesmo quando eu insistia em gritar que ela não prestava.