Certos gostos, talentos e manias parecem mesmo estar no sangue e não apenas na convivência. Mal conheci meu avô, mas irrevogavelmente, tem algo dele em mim. E não é apenas o DNA. Algo mais complexo, mais psicológico, eu acho. Talvez o mais bizarro de tudo que temos em comum, seja a minha escolha de profissão. Escolhi Cinema há pouco mais de um ano e apenas há alguns meses descobri que ele teve um estúdio de cinema. É estranho. Ninguém na minha família jamais demonstrou tanto interesse em trabalhar nisso, portanto não poderia ser uma influência, muito menos uma coincidência. Ele era jornalista, eu amo escrever. Ele tinha manias quase neuróticas e eu, de uma forma mais retardada, também tenho.
Há uma conexão, só pode haver. Desde pequena sempre tive uma vontade absurda de realmente tê-lo conhecido. Eu nunca soube exatamente o porquê, eu apenas queria muito. Ainda quero. Impossível, mas não há como tirar essa vontade de mim.
O mais esquisito é que ouvindo histórias sobre ele, percebo que pensamos completamente diferente. Nossas ideologias bateriam de frente. E justamente para mim que vieram parar esses gostos. Engraçado. Não que ele não fosse gostar disso, não acho que brigaríamos um com o outro, mas é apenas irônico.
Quando penso no meu futuro, sempre o quero lá. Sempre sonho que ele poderia me ver fazendo filmes e orgulhosamente diria que sou neta dele, que esse “talento” fora ele quem me passara.
É um sentimento ruim esse. Saber que algo que você supostamente sabe fazer bem, veio de uma pessoa que faleceu antes que você soubesse o que ela significava pra você e que você nunca poderia dizer “obrigada” por ela passar esses genes.
Parece que a Fofoca é uma pretensiosa cópia sua, Vô.
“Isn't it ironic? Don't you think?"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Marília querida
ResponderExcluirGostei muito do que tu escreveste. Além de uma futura grande cineasta, talves te tornes uma grande jornalista também.
Já viu o filme Anma Terra?
um beijo da vó Dalvinha